Campeão do Mundo

1951, ano que para muitos palmeirenses foi o da maior conquista alcançada pelo clube em sua história.

O Palmeiras naquela altura de sua história já havia conquistado dois títulos do Rio-São Paulo (1933 e 1951), doze Campeonatos Paulistas (1920, 1926, 1927, 1932, 1933, 1934, 1936, 1940, 1942, 1944, 1947, 1950) e 2 Campeonatos Paulistas Extra (1926 e 1938).

Naquele ano estava para acontecer um torneio da mais alta importância para o futebol, a Copa Rio, tratada pela imprensa nacional e internacional na época como o I Campeonato Mundial Interclubes.

A importância desta competição não refletia apenas nas torcidas dos clubes enolvidos na disputa, refletia em todo torcedor brasileiro que um ano antes tiveram a maior decepção da história do futebol brasileiro, se trata da derrota na final da Copa do Mundo de 1950 em pleno Maracanã contra a seleção do Uruguai.

Taça da Copa Rio

Imagem da Taça fabricada para a disputa da Copa Rio

Um ano depois, em 1951, a CBD - entidade que comandava o futebol nacional na época - decidiu realizar com o aval da FIFA um torneio de status interncional no Brasil com o intuito de reerguer a moral do futebol brasileiro.

Para essa competição foram convidadas as maiores equipes do futebol internacional: Juventus, da Itália; Sporting, de Portugal; Nacional, do Uruguai; Estrela Vermelha, da Iuguslávia; Olympique de Nice, da França; e Áustria, evidentemente da Áustria. Para representar o Brasil teria que ser chamados os dois maiores clubes da época, mas como não tinhamos um Campeonato Brasileiro até então, foram convidados os campeões dos estados mais evoluídos para prática do futebol na época: São Paulo e Rio de Janeiro. Assim sendo foram chamados Vasco da Gama-RJ e o Palmeiras que era o atual Campeão Paulista.

Os clubes participantes foram divididos em dois grupo, um com sede em São Paulo - Palmeiras, Juventus, Estrela Vermelha e Olympique de Nice, e outro com sede no Rio de Janeiro - Vasco, Nacional, Áustria e Sporting.

O regulamento previa jogos dentro da própria chave, com os dois primeiros de cada grupo se classificando para as semifinais.

Para disputa do torneio o Palmeiras contava com uma equipe forte, com destaque para jogadores como Oberdan Cattani, Waldemar Fiúme, Lima, Liminha, Achilles, Canhotinho, Rodrigues Tatu e dois participantes da trágica final de 50, o zagueiro Juvenal e o meia Jair Rosa Pinto, que tiveram a chance de nesse torneio dar a volta por cima.

Logo na primeira fase o verdão enfrentou difuculdades. Primeiro uma vitória de 3x0 sobre o Olympique de Nice-FRA, gols de Achilles, Ponce de León e Richard. Depois uma difícil vitória sobre o Estrela Vermelha-IUG por 2x1 (gols de Achilles e Liminha) mostrara que as coisas não seriam tão fáceis. Para o último confronto da primeira fase, tanto Palmeiras quanto o Juventus-ITA, já haviam conquistado a classificação, a partida servia apenas para saber quem se classificaria em primeiro do grupo. A prova da dificuldade do torneio veio nessa partida, o Palmeiras jogando no Pacaembu foi totalmente dominado pela equipe da Juventus e foi derrotado por um elástico placar de 4x0.

Após a derrota ficou claro que deveria ocorrer mudanças no time do Palmeiras para que a equipe pudesse brigar pelo título, ainda mais que na próxima fase o Palmeiras enfrentaria o Vasco da Gama que havia vencido seus três adversários em seu grupo.

Foto de Fábio Crippa e Oberdan

Os goleiros Fábio Crippa (à esq.) e Oberdan (à dir.)

Quem exigiu do treinador as mudanças no time foi o meia Jair Rosa Pinto, o principal líder daquela equipe. Além de estimular o grupo, o meia pediu a substituição de três jogadores - Oberdan (goleiro), Túlio (médio) e Lima (ponta-direita) - que apesar de serem ídolos da torcida, não estavam rendendo o que poderiam, por isso, era necessário que fossem substituídos para a próxima partida.

Em seus lugares entraram Fábio Crippa terceiro goleiro, já que Inocêncio, o reserva imediato de Oberdan, se sentiu mal pouco antes da partida contra o Vasco; Luís Villa entrou como médio, substituindo Túlio; E no ataque entrou o garoto de 19 anos Richard, deslocando Liminha para a ponta direita.

As alterações surtiram efeitos para a partida contra o Vasco e em pleno Maracanã lotado o Palmeiras conquistou uma vitória por 2x1, com gols de Richard e Liminha e atuação destacada do goleiro Crippa.

Na partida de volta o Palmeiras lutava por um empate para conquistar a tão sonhada vaga na final da Copa Rio. O Palmeiras não contaria com Achilles que havia fraturado a perna, Ponce de León entrou em seu lugar. Na partida o Palmeiras conseguiu segurar o 0x0, graças a uma brilhante atuação do goleiro Fábio Crippa.

Na partida final lá estava o Palmeiras novamente diante do traumático Juventus que já havia goleado o Palmeiras por 4x0 ainda na primeira fase. O palco das partidas seria o Maracanã, novamente envolvido em uma dramática final de um torneio internacional. Uma nova vitória de estrangeiros contra os brasileiros em casa, por uma competição de tamanha importância acabaria de vez com o orgulho que os brasileiros tinham de seu futebol.

Para dar ares mais dramáticos aquela final, o Palmeiras que já havia perdido Achilles por uma fratura na perna, perdera agora Richard no segundo jogo das semi finais pelo mesmo motivo.

A primeira partida da final foi disputa em 18 de julho de 1951, uma partida equilibradíssima terminada pelo placar de 1x0 para o Palmeiras (gol de Rodrigues Tatu, ponta-esquerda).

Tal resultado deixava a disputa pelo título em aberto, apesar do Palmeiras ter a vantagem do empate, todos sabiam que qualquer coisa poderia acontecer no jogo final.

A última e decisiva partida do torneio foi realizado em 22 de julho de 1951, exatamente um ano e sete dias após a fatídica partida da final da Copa de 50 entre Brasil e Uruguai.

Naquele momento o Palmeiras representava o orgulho ferido dos torcedores brasileiros, e assim sendo, os cariocas ajudaram a torcida palmeirense a lotar o Maracanã para a decisão. Uma vitória palmeirense atenuaria o drama vivido pelos torcedores brasileiros na última copa.

A partida começou com a equipe da Juventus partindo para cima e abrindo o placar com Praest, apesar da luta o Palmeiras não conseguiu o empate no primeiro tempo.

Foto do gol do título

Gol do título marcado por liminha

No intervalo Jair Rosa Pinto utilizou de sua liderança perante a equipe para estimlar os jogadores, pedindo que a equipe espantassem todos os fantasmas, fazendo referência a final da Copa de 50 que por sinal ele mesmo participou, e insistia então que a equipe esquecesse tudo aquilo e se preocupassem em apenas jogar futebol.

Suas palavras surtiram efeitos, no segundo tempo, Rodrigues Tatu empatou o jogo, os italianos ainda fizeram outro gol com Boniperti dando ainda mais dramaticidade a partida. A poucos minutos do término da partida Liminha fez o gol do título empatando o jogo.

Com a conquista do Palmeiras, finalmente os torcedores brasileiros puderam se sentir campeões do mundo.

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